Eleitores republicanos podem ter sido impulsionados por intervenção de Francisco
Por: Vilma Gryzinski / Veja Onlie
Com a palavra, Melania: Trump eufórico deixa até a mulher falar
“A propósito, nós vamos construir o muro. E quem vai pagar?”, brincou Donald Trump no discurso da vitória nas primárias da Carolina do Sul.
Trump levou de lavada e vai ganhar de novo, em Nevada, na terça-feira. Suas ideias ganham cada vez mais apoio entre a base republicana. Na Carolina do Sul, nada menos que três quartos acham que a imigração de muçulmanos deve ser temporariamente suspensa, enquanto não der para checar eventuais ligações com o terrorismo, e o muro da discórdia, proposta alucinada de Trump para conter a entrada de latino-americanos através da fronteira com o México, levou o povo à loucura.
Há não muito tempo, a Carolina do Sul era considerada um estado difícil para Trump por causa da grande quantidade de eleitores evangélicos, público naturalmente mais simpático a Ted Cruz, filho de um matemático cubano que se tornou pastor. Foi esse público que apoiou Trump em massa, talvez até com uma certa ajuda do papa Francisco, que se meteu na eleição americana com uma intervenção desastrosa, do tipo que só aumenta a animosidade contra os católicos em geral.
A resposta do candidato – “Quando o Estado Islâmico atacar o Vaticano, o papa vai desejar que eu seja presidente dos Estados Unidos” – mostrou que é melhor nunca arrumar briga com loucos, bêbados e Donald Trump.
A declaração do papa, que pressupõe uma interferência na política interna americana com um tom agressivo que jamais remotamente usou para com os irmãos Castro, torturadores e opressores de católicos, pegou mal em todas as esferas do público conservador. Até dois adversários que lutavam para enfrentar o trator Trump declararam que os Estados Unidos têm todo o direito de preservar suas fronteiras: Jeb Bush, que por causa da mulher mexicana abraçou a Igreja e agora encerrou melancolicamente a tentativa eleitoral, e Marco Rubio, outro descendente de cubanos.
A ideia de que Trump pode realmente vir a ser o candidato republicano parece cada vez menos absurda. Talvez até mesmo ele, num raro momento de autoanálise, esteja acreditando nisso e se tornando um candidato melhor. No discurso eufórico na Carolina do Sul, elogiou Ted Cruz e Marco Rubio, um fato tão raro que o público, acostumado ao estilo deixa-que-eu-chuto, tentou reagir negativamente, mas Trump não deixou.
Em compensação, em outro gesto raro, passou a palavra à mulher, Melania, ex-modelo eslovena que abre a probabilidade, aparentemente impossível, de que exista outra primeira-dama quase igual a Carla Bruni. Aliás, bem antes que ela se casasse com o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, Trump também namorou Carla, entre outras modelos, incluindo brasileiras.
Melania, que já posou usando apenas uma pulseira de diamantes, é bem mais introspectiva do que Carla Bruni, fala inglês com sotaque e, caso alguém pergunte, ganhou cidadania americana pelo processo regular. Aliás, adversários democratas andaram tentando plantar a história que Trump, o inimigo dos fluxos descontrolados de estrangeiros, é casado com uma imigrante. Se for com esse tipo de argumento que os democratas esperam enfrentá-lo, a batalha está perdida. Presidente Trump continua soando tão irreal assim?
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